Em 2019 participei de um projeto muito legal chamado “School for Girls” que busca incentivar meninas a entrar para o mundo da informática. Mas não só isso, este projeto tem como objetivo incentivar mulheres a entrar na área das ciências exatas de uma forma geral, onde atualmente boa parte dos adeptos são homens.
Pessoalmente acredito que homens e mulheres são diferentes naturalmente, porém isso não significa que mulheres são menos capazes do que os homens. Inclusive acredito que características femininas devem ser utilizadas para o desenvolvimento de áreas que ainda não receberam as impressões delas.
Nosso site tem outros artigos sobre projetos sociais legais na área de computação e outros assuntos.
A escola de verão é um evento liderado pelo GRACE, em que participam meninas de idades entre 10 a 17 anos localizadas na cidade de São Carlos e de outras cidades da região. O objetivo da escola é ensinar às meninas métodos inovadores e criar competências para a conceitualização, desenvolvimento e comercialização de aplicativos software (app) que ajudem a solucionar problemas da comunidade.
A escola terá uma duração de 5 dias (sábados), onde as meninas poderão aplicar os conhecimentos e ter o acompanhamento de mais de 40 profissionais de diversas áreas da engenharia e ciências exatas (como engenharia de produção, física, química, matemática, e computação). No final, espera-se que os projetos desenvolvidos na escola sejam apresentados no Technovation Challenge, uma competição a nível internacional, o qual celebra esse ano sua nona edição. Dessa forma, o GRACE visa empoderar as meninas e quebrar a barreira existente entre sociedade e Universidade.
Realizei a inscrição para contribuir como mentor de um grupo de meninas. Minha expectativa para o projeto era boa, porém não sabia o que esperar do projeto e das participantes. Ao participar do projeto percebi que ao entrar na universidade as meninas compreendem que estão participando de algo realmente sério. Isso tem uma influência psicológica muito grande e coloca as crianças em um nível de engajamento incrível.
Uma das meninas me perguntou: “nós vamos construir um aplicativo de verdade?”. Logo respondi: Sim. Nesse momento, percebi o quanto a ideia da computação é distante do mundo daquelas estudantes.
Nesse projeto notei ainda que as meninas não compreendem muito bem o que é ciência da computação e o que não é. Participar de um grupo onde resolvemos problemas é muito comum em qualquer lugar, mas elas não possuíam consciência do que estávamos realmente fazendo.
A primeira fase da construção do aplicativo é a “chuva de ideias” ou brainstorming. Essa técnica muito famosa foi utilizada para despertar nas meninas a imaginação e a parte crítica olhando para os problemas de sua comunidade.
Por serem crianças que não se conhecem, elas apresentam certa dificuldade para expressar sua opinião e trazer a tona problemas do seu dia a dia. No entanto, vale a pena incentivá-las a falar mais sobre sua família e comunidade, possibilitando que encontremos problemas de mobilidade urbana, social, educação, etc. Me impressionei várias vezes como meninas tão novas podem ter ideias tão interessantes sobre um problema.
Na coleta de problemas as meninas queriam resolver problemas relacionados a: depressão, racismo ou sequestros. Temas bastante pesados, porém necessários de serem abordados. Após votação do grupo, as meninas decidiram que o tema mais interessante seria a depressão.
Na próxima fase deveríamos propor ideias para resolver problemas relacionados a depressão. As meninas perceberam que existe muita falta de informação sobre o assunto e muitas pessoas não sabem se têm realmente traços de depressão. Logo, elas propuseram a criação de um aplicativo que pudesse fornecer um pseudo-diagnóstico que orientasse sobre os traços de depressão.
O passo mais importante seria a criação do questionário que seria apresentado no software e posteriormente geraria o score para diagnóstico. Além disso, foram definidos alguns mockups de telas onde as meninas imaginaram como seria construído o aplicativo. Esses mockups foram construídos utilizando papel e caneta e muita imaginação.
O grupo passou por 6 semanas de desenvolvimento da ideia e vários conceitos de marketing até tecnologia da informação. As meninas implementaram uma versão básica do aplicativo contendo apenas algumas telas e mostrando como ele funcionaria. O projeto foi avaliado e não esteve entre os projetos selecionados para ir para fase nacional, no entanto, as meninas aprenderam muito e até hoje encontro com algumas delas nas ruas e elas se lembram de mim.
Acredito que essa experiência tenha sido muito produtiva e talvez no futuro elas possam ingressar nessa área com mais confiança e sabendo o que vão enfrentar.
Esse post foi modificado em 4 de junho de 2021 11:35
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